terça-feira, 10 de junho de 2008

Mateus 5:20

Confesso que tenho dificuldades em entender o posicionamento de alguns senhores (e também senhoras) que todo dia se apresentam em nossas residências por meio de programas de televisão, apresentando-nos o que entendem ser a Verdade e único caminho de acesso ao Reino dos Céus. Sim, reconheço que Jesus é sempre apresentado como o caminho. No entano, eles, o pedágio.

Ás vezes muito mais que isso: asseguram-nos ser possível alcançar uma vida plena de felicidades e deleites instantâneos aqui mesmo. Quer dizer, não é necessário aguardar a chegada no céu. Claro que a preços módicos e pagamentos facilitados, via carnê, boleto bancário, etc...
Para um povo sofrido, sem moradia, sem alimentação decente, sem emprego estável e digno, explorados por uma classe política sem ética, é uma discurso promissor.

Mais complicado ainda é explicar, ou tentar explicar, esse posicionamento para as pessoas "não crentes". Claro que existe a tendência de se analisar a todos sob o mesmo prisma.
Como uma máxima: "Fulano é político. Todo político é corrupto. Fulano é corrupto."

Geralmente a conversa é mais ou menos assim:

-Você é daquela igreja em que as mulheres não cortam o cabelo?

-Você dá dinheiro para o seu pastor?

-Sua igreja permite que você assista televisão?

Televisão

Eis um assunto que deu pano para manga nos anos 80/90.
Uma denominação que designa "reunião de muitas pessoas, sociedade, corporação pertencente ao Ser Supremo e Espírito Infinito e Eterno" tinha por hábito perseguir e discriminar todos os seus membros que, porventura, tivessem televisão. Ou não a tendo, a assistissem regularmente. No caso seria a "televizinho".

Havia até "reuniões de doutrinamento" específicas onde se pretendia mostrar os malefícios da televisão. Ah, mas havia também outro instrumento do diabo - a bateria. Mas isso é assunto para uma nova postagem.

Bem, não é segredo que hoje esta agremiação religiosa tem um programa...de televisão. Hoje mesmo assití seus líderes reunidos em esplendorosos gabinetes, notebooks à frente. Sinceramente me lembrei dos senhores de Brasília.
E, suprema ironia, se dirigiam aos seus fiéis!

O que mudou, então?

Temos dois aspectos a considerar nesta questão específica da televisão:

1) se a regra de não poder possuir (nem mesmo assistir) televisão era baseada na Bíblia, então, a Bíblia estava errada, ou

2) a regra não tinha base bíblica alguma e, nesse caso, os líderes desta agremiação iludiram o povo.

É melhor nem considerar o cenário 1, nem mesmo como hipótese, já que iniciaria um sucessão de eventos. Como um jogo de dominó.

Resta-nos o cenário 2. Mas nem mesmo esta escolha trás alívio para eles.

Tantos recursos utilizados de forma equivocada.
Quantas interpretações da Bíblia sob uma ótica pessoal.
Distorcões e ajustes nos textos bíblicos de forma a serem moldadas aos seus caprichos e desejos.

"Vinde a mim os cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei!

Hoje o chamado é: "Preencha o formulário, destaque, leve ao banco, pague e receba nosso livro".

E ao final o profano sou eu.

3 comentários:

bete p.silva disse...

Wesley, verdade, quando eu era criança, era pecado ver televisão. Sou filha de pai pretensamente assembleiano, e essa ignorância imperava aqui em casa. Hoje meu pai não sai da frente da TV hahahhaha

Wesley Amorim disse...

Você definiu bem: ignorância.
Dos líderes por encontrar pêlo em ovo, e do povo por não comprovar as "verdades" com o livro-mor.

Douglas Santos de Godoi disse...

Wesley, também fui vítima desse discurso.
TV é do diabo, creio que na mesma época que você.
Também recorria ao "televizinho", nossa "fuga".

Douglas